A Abadia de Bouro situa-se no concelho de Amares. A história deste povoado e do seu santuário é quase a mesma que a historia do convento de Bouro. Conta a lenda, que por ocasião das guerras com os árabes, os religiosos do convento de Bouro se retiraram dali, ficando apenas na capela de São Miguel de Abadia um eremita de habito negro, a quem veio depois juntar-se Pelayo Amado, fidalgo da corte do conde D. Henrique, que procurava a solidão, por lhe ter morrido sua mulher. Certa noite, segundo conta a lenda, viram os dois cenobitas na garganta da serra uma luz misteriosa e viva, e para ai se dirigiram muito curiosos. Encontraram então no sítio uma imagem da Virgem, numa escultura feita em pedra, e desde logo pensaram na construção de uma capela. Juntaram-se-lhe depois outros eremitas, e assim se começou o convento, que D. Afonso I engrandeceu, concedendo-lhe muitas rendas e o senhorio do couto de Bouro, em 1148. A profissão dos eremitas realizou-se em 1159, mas alguns anos mais tarde, sendo muito desabrigado e áspero o local da Abadia; resolveram aproximar-se mais da margem do rio Cavado e sobre ela fundaram o actual convento, para onde transferiram a imagem; mas a Virgem teimava sempre em fugir para a Abadia, realizando-se o milagre, diz a lenda, da Senhora, por mais diligências dos frades, desaparecer do convento, e reaparecer na Abadia. Foi esta a origem do convento de Bouro e do Santuário.
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