terça-feira, 6 de abril de 2010

Queima do Judas










Personificado por um tosco boneco que é ciclicamente imolado num auto-de-fé popular, proporcionando deste modo uma catársica e regeneradora destruição, a insólita "Queima do Judas" consubstancia ainda uma inegável sátira à abstinência quaresmal que, na morte do Iscariotes, encontra a vingança há tanto tempo ansiada. O “apóstolo maldito” serve, deste modo, de bode expiatório dos malefícios da obrigatória frugalidade da Quaresma, bem como de arquétipo daquilo que é velho e gasto e se rejeita ritualmente destruindo-se pelo fogo, pela espada, pelo apedrejamento, pelo afogamento, pelo enterramento!Como em outros costumes semelhantes, também aqui simbologias arcanas se aditam a funcionalidades críticas diversas, conjugando-se tudo para fazer destas práticas modelos tradicionais susceptíveis de se perpetuarem até aos nossos dias.

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