domingo, 15 de janeiro de 2012

O Rio do Esquecimento.





 
Uma lenda do tempo dos Romanos.
Os Romanos acreditavam que entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos havia uma fronteira. Essa fronteira era o rio Lethes, também chamado rio do Esquecimento porque as suas águas tinham como efeito apagar a memória, fazer esquecer tudo o que acontecera em vida.
As almas dos mortos reuniam-se à beira do rio, aguardando a sua vez de beber um golo de água, e só depois entravam na barca que os conduzia à outra margem.
No ano de 136 a.C. um exército romano comandado por Bruto fez muitas conquistas no território que veio a ser Portugal. Os soldados atravessaram o Tejo perto da ilha de Almourol, depois atravessaram o Zêzere, o Mondego, o Vouga, o Douro, sem problema nenhum.
Mas por qualquer motivo que se desconhece, quando se aproximaram da margem do rio Lima ficaram aterrorizados e recusaram-se terminantemente a sulcar aquelas águas porque se convenceram de que aquele era o tal rio Lethes, o rio do esquecimento que conduzia ao mundo dos mortos! (A história da confusão entre o rio Lethes e o rio Lima foi contada por um historiador romano chamado Apiano.) Bruto não conseguiu convencê-los do contrário e então, para dar o exemplo, atravessou ele para o lado de lá, levando consigo apenas o estandarte com as águias, que eram o símbolo do Império Romano. Chegando à outra margem, pôde acenar e gritar que estava vivo e não se tinha esquecido de nada... Só então os soldados resolveram segui-lo...

in Portugal - História e Lendas, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, ed. Caminho

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